De um modo geral, a perspectiva é bastante positiva. O prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), por exemplo, comemora a posição privilegiada do estado na produção de energia eólica e a Fiol.

“A Bahia conquistou a letra A no Tesouro em relação a investimentos na produção de energia eólica, o que é algo muito bom, excelente.” A afirmação é do prefeito de Jequié e deputado federal pelo PP Zé Cocá, que até recentemente também liderou os prefeitos baianos presidindo a UPB (União dos Municípios da Bahia).

Segundo ele, a expansão na produção desse tipo de energia renovável tem sido muito grande, o que possibilitou o estado a colocar-se como um dos primeiros, condição que facilita muito novos investimentos na área.

RESSALVAS

Zé Cocá também celebra a retomada das obras da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL). Para ele, “pode -se dizer que a Bahia será outra depois da FIOL. A ferrovia vai mudar a Bahia e pode, por exemplo, dobrar o PIB de Jequié, bem como trazer benefícios semelhantes para as regiões por onde passa, de um modo geral.”

Ao mesmo tempo em que também comemora os investimentos, com o novo PAC, também no setor da agropecuária, Zé Cocá ressalva a necessidade de uma abrangência maior em relação aos municípios, citando que “a nossa área, por exemplo, na região da Barragem das Pedras, tem potencial para a geração de 30 mil novos empregos.”

O prefeito ressalva ainda a necessidade de que seja feito “um pacto com os municípios, inclusive na área de Segurança Pública, incluindo a criação de programas para melhorar a vida das pessoas de um modo geral.”

Outra observação de Zé Cocá diz respeito à industrialização. Mais uma vez, enquanto celebra investimentos como a vinda da BYD para Camaçari, ele observa que o processo de industrialização precisa se estender por todo o estado: “Hoje, ainda temos 77,8% do ICMS baiano concentrados na Região Metropolitana de Salvador.”

INCENTIVOS

Por sua vez,  o senador Otto Alencar (PSD), que esteve esteve presente na cerimônia que marcou que o lançamento da pedra fundamental das fábricas da BYD em Camaçari, garantiu os incentivos fiscais à montadora chinesa de carros elétricos.

“Minha presença nessa solenidade me traz recordações. Eu estava aqui como vice-governador na instalação da Ford, que por questão empresariais nos deixou. A BYD vai preencher essa lacuna, no Senado temos uma bancada com três senadores, podemos garantir à BYD que o que está estabelecido na lei de incentivo fiscal estará no relatório no Senado e na Câmara. Já constam no relatório do senador Eduardo Braga”, disse.

Otto disse ainda que a “BYD vai encontrar um cenário favorável para sua implantação. Quero adiantar à toda missão que sou relator e vou apresentar no fim do mês o relatório para estabelecer o mercado de emissão de gases e o hidrogênio verde. Já está pronto o relatório”, acrescentou.

O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), que é também sindicalista, é outro político que vê ótimas perspectivas diante dessa nova fase de crescimento da Bahia. Aliás, ele nos atendeu a bordo de um avião, em voo no Oriente, onde estava “buscando apresentar para indianos e chineses, por exemplo, a nova janela de investimentos que se abre na Bahia.”

O parlamentar comentou os avanços econômicos do estado, lembrando que “serão alguns bilhões nos próximos anos, em diversas áreas, seja em investimentos públicos diretos do governo federal em parceria com o Governo do Estado, ou através de parcerias público-privadas.”

SINALIZAÇÃO

Daniel Almeida cita, por exemplo, investimentos públicos diretos como Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos, produção de alimentos, além de investimentos em infraestrutura, “também muito importantes, como a retomada da FIOL em novo ritmo e a ponte Salvador-Itaparica, com sinalização de continuidade.”

O parlamentar cita ainda “a área de estaleiros, com algumas encomendas já previstas pela Petrobras.” Daniel destaca também “as fábricas da BYD, com o parque de tecnologia e desenvolvimento.”

Indústria vê investimentos promissores a médio prazo

Apesar de lembrar que este ano ainda será de algumas dificuldades, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) aposta em novos tempos diante dos investimentos.

De acordo com a FIEB, este ano a indústria baiana deve apresentar desempenho semelhante ao Brasil, com baixo crescimento da produção. Entretanto, em um horizonte de médio prazo, “temos investimentos promissores. Um deles é a vinda da fábrica de veículos elétricos BYD para Camaçari, que terá impactos importantes na geração de negócios. Há, ainda, boas perspectivas para os segmentos de energias renováveis (eólica e solar), mineração e na produção de hidrogênio verde.”

Em termos setoriais, a Construção Civil deve ser impactada positivamente com a queda da taxa de juros, que deve estimular as vendas no mercado imobiliário; e o programa Minha Casa Minha Vida, que deve trazer dinamismo ao setor.

TERRENO FÉRTIL

Ainda conforme a análise da FIEB, na Indústria de transformação destaca-se o refino, que deve continuar a receber grande volume de investimentos. “A Acelen tem programas ambiciosos para a refinaria de Mataripe e, para 2024, espera-se que refinaria otimize ainda mais a produção, ampliando a base de produtos.”

“Essas perspectivas mostram que, apesar das dificuldades enfrentadas nos últimos anos, há um terreno fértil para o desenvolvimento industrial da Bahia.”

A indústria da Bahia é relevante no cenário nacional, ocupando a 7ª posição na indústria de transformação do Brasil e a maior da Região Nordeste. Nosso estado possui uma matriz industrial diversificada e complexa, na qual há processamento de produtos de alta tecnologia, como os do Polo Petroquímico, da refinaria de Mataripe, Alimentos, Celulose, Transformação Plástica e Borracha, Bebidas, dentre outros.

Missão foi ao Chile promover alimentos e bebidas

Promover produtos de origem baianos do setor de alimentos e bebidas no mercado chileno foi o objetivo da Missão Espacio Food & Service, organizada pelo Centro de Internacionalização de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). A iniciativa, que faz parte do Projeto Origem Bahia, desenvolvido em parceria com o Sebrae-BA, levou representantes de 14 empresas baianas para Santiago, no final do mês de setembro.

O grupo participou de rodadas de negócios com potenciais importadores, distribuidores, atacadistas e varejistas. Os encontros foram promissores, com expectativa de negócios estimada em R$ 1 milhão. Um dos empresários que segue em negociação com uma importadora chilena é Raimundo Macedo, que apresentou a cachaça Jaualle no evento em Santiago.

A bebida artesanal é envelhecida em barris de umburana (madeira do cerrado) com carvalho francês.

Segundo o empresário, um fator que contribui para uma boa receptividade do produto é que o rótulo tem tradução para as línguas inglesa e francesa. “Foi através do CIN que conseguimos desenvolver este rótulo, que atende aos padrões internacionais e apresenta nossa cachaça em outras línguas”, contou.

Macedo ressalta, ainda, que participar de missões empresariais internacionais é importante para que as empresas, especialmente as de pequeno porte, possam ganhar experiência e se qualificar para disputar no mercado externo. “É um momento de ver as tendências de mercado e receber feedbacks sobre o nosso produto. Assim nos qualificamos cada vez mais para que nossos produtos agradem diferentes públicos e tenham condições de disputar o mercado internacional”, pontua.

Outro participante da Missão Espacio Food & Service foi Thiago Fernandes, coordenador do Centro Público de Economia Solidária (Cesol) Litoral Sul, que levou chocolates de marcas da economia solidária integrantes do Consórcio Cabruca – Chocolates Finos de Origem do Sul da Bahia para o showroom Origem Bahia.

“Foi a primeira missão que participamos e começamos com o pé direito. Participamos de 14 rodadas de negócios e pudemos dar visibilidade aos nossos produtos. Recebemos feedbacks extremamente positivos de compradores do Chile, que é um país conhecido por ser bem rigoroso na análise de produtos importados”, conta Thiago Fernandes.

Os participantes da missão também realizaram visita técnica ao centro de distribuição de resfriados do grupo Cencosud.