Há mais de duas décadas, a nossa lavoura cacaueira está parada no tempo. E com ela estão quase todos os cacauicultores, pagando caro. Com isso, sofre a região e todos que têm o cacau como a principal fonte de renda. Se continuar assim, a cuia pode ser no futuro bem próximo, o troféu representativo de nossa principal economia, que parece desprotegida politicamente.
Estamos nos aproximando do fim do ano, mais um ano perdido. Os projetos importantes de que o Brasil precisa para colocá-los entre os melhores do mundo e melhorar as condições de vida dos brasileiros estão parados. A maioria deles, engavetados. Um deles, depois de muitos anos de cobranças, recentemente foi aprovado e assinado pela nossa presidenta: o Porto Sul na Bahia, em Ilhéus, nossa querida cidade.
A informática chegou para mostrar a realidade do mundo moderno e de todos. O comando político administrativo de nossa nação não é exceção. Umas das casas que representam a base central da política brasileira: A câmara de Deputados e o Senado, o templo dos parlamentares. Quase todo tomado para desbaratar e apontar os envolvidos em festivais de sujeiras, nas operações “lava jato” e “dinheiro fácil é minha vida”.
Hoje, graças aos juízes competentes e atuantes, o quadro está mudando para melhor. Prova disso é que muitos estão sendo notificados e chamados a darem explicações sobre envolvimentos com dinheiro público.
A região cacaueira vive atualmente os piores momentos de toda a sua história, rica e empobrecida. Durantes mais de duas décadas, sem rumo certo.
Tenho alertado aos nossos representantes políticos, quando escrevo sobre a cacauicultura baiana, para dar mais atenção à região cacaueira. A situação não é nada agradável. A miséria continua solta. A sonolência é de grande parte deles, que parecem acomodados em cadeira de balanços. Para acordá-los, para fazer algo importante pela região cacaueira podem estar dependo da “buzina” do tipo que usava o saudoso “Chacrinha”, em seus programas aos domingos.
A atividade agrícola é uma fonte de emprego invejável, até que se mostre o contrário, por depender do homem no campo. Escolas Técnicas especializadas em agriculturas nos municípios da região cacaueira continuam no papel. Uma alternativa para mudar isso é criar matérias obrigatórias em salas de aulas para incentivar os jovens a permanecerem no campo, como uma das opções de trabalho. Nada de Pitibiriba. As cobranças são diversas. Possivelmente, a idéia passa pela cabeça de muitos de nossos políticos, que não a colocam em prática. Provavelmente pelo tamanho dos tapetes que os asseguram passagens aos encontros de seus interesses.
Apesar de toda modernidade, plantar, colher cacau, café e outros produtos agrícolas no Sul da Bahia, sem a participação do homem no campo, torna-se impossível.
As preocupações dos cacauicultores são várias. Era a podridão parda. Hoje, queixam-se da vassoura de bruxa, do perdão das dívidas, que continuam sem soluções, e dos preços que não cobrem as despesas. Reclamam, também, do controle das multinacionais em nossa região, de suas influências negativas, bem como da falta de ação de pequena parte dos nossos representantes políticos.
Depois de muito tempo perdido, uma minoria de nossos representantes políticos e produtores de cacau, em parcerias com a diretoria dinâmica do Sindicato Rural de Ilhéus, começou a colocar os pés no acelerador em direção à salvação da cacauicultura baiana. Estou muito confiante nessa arrancada. Vamos aguardar os resultados.
Há mais de 50 anos, acompanho o desenrolar da região cacaueira. Aprovo quase todas as reedificações dos produtores, e tenho chamado à atenção por inúmeras vezes que os municípios baianos, que dependem exclusivamente do cacau, estão passando por momentos difíceis. Os cacauicultores estão tensos, inseguros e sem ânimo para aumentar a produção. Há divisão entre eles. A saída é o cooperativismo.
Uma parte alega que cooperativa no Nordeste nunca deu certo, que cacau já era. Já era para aqueles que não acreditam no cacau. Aqui, estão instaladas as melhores indústrias de moagem de amêndoas do mundo. Eu pergunto, por quê? Acho importantes as multinacionais em nossa região. Elas estão fazendo o seu papel.
Quanto aos preços do cacau, pelo que acompanho, obedecem às normas do mercado internacional. Até hoje, não existe outro tipo de mudança na política comercial externa. Pode haver melhoras passageiras de preços no mercado interno por pressões dos sindicatos e dos produtores. Quedas brutais nos preços do cacau vão continuar existindo, sobre inúmeras alegações, às vezes incabíveis. Como sempre, a pamonha sobra para os cacauicultores.
Baseado na qualidade do nosso cacau, pelo que estamos produzindo, a saída mais segura para levantar a cacauicultura baiana, pelo tempo perdido, é a criação urgente de uma indústria de moagem de cacau nossa, de uma grande indústria de chocolates finos, dentro dos padrões internacionais. Somando com as pequenas dos produtores, que começaram a produzir chocolates em suas fazendas, melhorando suas receitas. E de uma cooperativa organizada, à altura do que representa o nosso cacau, para valorizar os preços e os trabalhos de nossos cacauicultores. Centralizada em Ilhéus, filiais espalhadas nos municípios da região cacaueira, diretoria séria, departamento com visão comercial de novos mercados, de mãos dadas com os produtores.
A procura de cacau é grande, e vai continuar aumentado. O crescimento da população mundial contribui com a procura. O chocolate, está comprovado cientificamente, faz bem à saúde. Rico em vitaminas, antioxidante, magnésio, ferro e sais minerais. O coração agradece.
Quanto às importações de amêndoas de cacau, elas são necessárias para atender as indústrias moageiras aqui, quando há falta de cacau no mercado interno. Acredito que vamos dar adeus, pelo que apresentei como saída.
Aprovo a exportação do cacau em amêndoas, uma vez que as indústrias moageiras em nossa região estejam trabalhando com suas capacidades, e que o mercado externo ofereça preços e vantagens.
Da vassoura de bruxa, muitos dos produtores se queixam. Pelo que acompanho, acredito que a CEPLAC continua carregando um peso permanente de influências políticas partidárias destrutivas. Todavia, permanece lutando contra tudo e contra todos, tentando deixar para trás os problemas formados pelos que desejam destruir a região cacaueira. Assim, a CEPLAC segue em frente, fazendo um trabalho sério em pesquisas, com excelentes avanços. Na parte de prevenção, a nossa Ceplac está em busca de alternativas importantes para salvar a cacauicultura brasileira, com destaque para os clones ( CATIE ) R1-R4-R6, importados da Costa Rica, com maior produtividade e mais resistentes às pragas.
Alguns dos produtores de cacau comentam a intenção de demolir as fazendas. A nossa Mata Atlântica não pode ser destruída, seja qual for a atividades agrícolas a ser cultivada. O nosso ouro, o cacau, como é conhecido, depende dela, que contribui bastante com as mudanças climáticas de nosso planeta. Apoio o IBAMA e as entidades competentes que envolvem os serviços de preservações e recuperações de nossas florestas.
Os compromissos sociais se acumulam, parecem não ter fim. As prostituições, desempregos, criminalidades e assaltos, não param de crescer em nossa região. Retrato de um quadro educacional em decadência, que estamos colhendo o que foi plantado por uma política também perdida no tempo e nos interesses.
A solução definitiva das dívidas dos produtores depende de grande parte de nossos representantes, que parecem não levar os problemas a sério, possivelmente pelo grande tamanho dos “cobertores”.
As cidades de Ilhéus e Itabuna estão em um raio que as colocam ligadas e de mãos dadas, entre as mais importantes do Sul da Bahia. As duas, por estarem juntas, estão sendo beneficiadas pelo porto, aeroporto, turismo, pesca e o pólo industrial, que empregam. Ilhéus, minha terra natal, acaba de receber aprovação de um dos maiores projetos que a Bahia já recebeu nestes últimos anos, no momento delicado que vive a nossa economia.
O novo projeto aprovado do Porto Sul da Bahia vai alavancar a economia do Brasil. Fiz questão de divulgar no Jornal dos Radialistas, em Ilhéus, muito antes da confirmação, em um dos artigos que escrevi. “O Progresso pede Passagem”. Citei nele, que estados brasileiros gostariam de ter um presente tão importante como esse, centralizado em Ilhéus. Nós, ilheenses, recebemos de braços abertos.
Representatividades políticas sérias, com capacidades, que possam virar o quadro para melhor e desenvolver bons projetos para salvar a região cacaueira, posso assegurar que temos de sobra. Tenho certeza absoluta de que vamos sair desse quadro vergonhoso que vem prejudicando o crescimento de nossa principal lavoura.
Enquanto a solução não chega, vamos ter que aprender a conviver com a cuia, que já começou a circular na cacauicultura baiana, proporcionando vexames aos nossos irmãos produtores e a todos que dependem do cacau.

Vivaldodiasdequeiroz@gmail.com

Aluno da Faculdade do tempo