Professores da Rede Municipal de Ensino debateram sobre as práticas antirracistas  no Teatro Municipal Candinha Dória. A temática foi debatida no último dia  do 1ºSeminário Integrador da Consciência Negra, promovido pela Prefeitura de Itabuna, por meio da Secretaria Municipal da Educação, movimentos negros e universidades públicas, com o apoio da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC).
 
Com o tema “Avanços, Caminhos e Perspectivas da População Negra”, durante o Seminário  professores de escolas municipais relataram casos de preconceito racial dentro das salas de aula e como fizeram para combater isso. Educadora da Escola Novo Horizonte, a professora Sara Bispo, disse que há sete anos trabalha práticas antirracistas com seus alunos.
 
 “Usamos a literatura para o trabalho de combate ao preconceito.  Os livros mostram  o cotidiano do nosso povo, que tem as mesmas potencialidades e belezas  que um branco tem”, ressaltou.  
 
Na quinta-feira, dia 10, segundo e último dia 1º Seminário Integrador da Consciência Negra, o professor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Richard  Santos, falou que o combate ao racismo no ambiente escolar é adotado por uma minoria de instituições. “ Existe uma branquitude hegemônica que é dominante no país e  na sala de aula isso se reproduz muitas vezes por educadores”, ponderou.   
 
Na palestra, Richard  falou  que esse tipo de  debate precisa  acontecer mais vezes e não só no Mês da Consciência Negra, que acontece agora em novembro, que no dia 19 homenageia o herói Zumbi dos Palmares. A data foi instituída, oficialmente, pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, em  referência à morte de Zumbi, em 1695, no Quilombo dos Palmares – situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, no Nordeste do Brasil.
 
O secretário municipal da Educação, Josué Brandão Júnior, reforçou a necessidade de inserir a cultura afro-brasileira de forma positiva na grade curricular das escolas de nível fundamental, como prevê a Lei N. Federal nº 10.639. “É preciso extinguir do ambiente escolar qualquer atitude que menospreze as pessoas de cor negra. Vamos levar essa necessidade para 2023, quando será implantada a proposta no conteúdo escolar, através da formação de um Grupo de Tabalho”, afirmou. 
 
Na etapa final do Seminário, a mesa também foi composta pela professora senegalesa Coumba Diatta, doutoranda sobre a Presença da Mulher Afro-brasileira  no Candomblé na Universidade Federal de Santa  Catarina (UFSC)), que esteve em Itabuna para prestigiar ao  seminário. “ Lutar contra o racismo deve ser a bandeira de todos.  Precisamos lutar por um  mundo mais justo”, avaliou.
 
No primeiro dia, também houve a participação do professor Bas’Ilele Malomalo que  lançou o livro “A  Filosofia NTU” , editado pela Nandyala –  obra panorâmica sobre Filosofia Bantu, cuja perspectiva do NTU é central, assim como um apanhado dos encontros e confluências dessas com os seus pares Yorubá – Axé – e com as diversas cosmovisões dos povos originários destes territórios. Ele também é autor do livro “Diáspora africana e migração na era da globalização: experiências de refúgio, estudo, trabalho”, pela editora CRV.
 
Nascido na aldeia Idumbe, da etnia-nação Mongo-Ndegese, da República Democrática do Congo (RDC), o professor Malomalo é graduado em Filosofia pelo Institut Philosopicum Sant Francis-Xavier, de Mburyi-Mayi; doutor em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (UNESP, pesquisador do Centro de Estudos das Literaturas e Línguas Africanas e da Diáspora Negra (CLADIN).