A tendência petista Articulação de Esquerda, vista como uma das mais radicais dentro do partido, divulgou uma carta que critica de forma dura a escolha do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) como candidato à Prefeitura de Salvador da base do chefe do Executivo estadual, Jerônimo Rodrigues (PT).

“É afrontoso que a coalizão de tendências que dirigem majoritariamente o partido exija da sua militância que peça votos para uma candidatura com nítido perfil de direita”, diz o documento. Segundo a carta, a pré-candidatura do emedebista “representa uma violência política contra a democracia no ‘método’ e uma gravíssima capitulação programática no ‘conteúdo’, especialmente no momento delicado que demanda uma séria análise sobre os erros, limites e contradições da experiência de gestão governamental petista ao ser anunciado os dados de mortes do povo negro pelo aparato repressivo do governo estadual, com escalada nos números durante gestão petista”.

A carta aponta ainda laços de Geraldo Júnior na “seara empresarial”, sobretudo no ramo imobiliário, e a ligação com os irmãos Vieira Lima – Geddel e Lúcio, lideranças do MDB, chamados de “próceres do golpismo contra o PT”, se referindo ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Trata-se, inquestionavelmente, de um pré-candidato de direita”, ressalta.

O documento afirma também que Geraldo Júnior, quando vereador de Salvador, demonstrou “fidelidade estrita com o programa neoliberal de ACM Neto (União), a ponto de ser cotado para ser sucessor do carlista”. “Estava na presidência da Câmara quando, em 4 de maio de 2022, foi aprovado, em votação relâmpago, projeto de lei que vulnerabilizava a proteção ambiental em áreas de cidade”.

A tendência Articulação de Esquerda não tem deputados pela Bahia ou vereadores em Salvador. Um dos líderes do movimento é o professor Rodrigo Pereira, que disputou internamente com o deputado estadual Robinson Almeida a condição de pré-candidato do PT à Prefeitura da capital este ano. Em 2020, Pereira disputou o Executivo municipal pelo PCO.