Quase 200 trabalhadores baianos encontrados em condições semelhantes à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra do Rio Grande do Sul, começaram a voltar para casa na noite de sexta-feira (24). Eles partiram de terras gaúchas durante a noite, divididos em quatro ônibus escoltados pela Polícia Rodoviária Federal.

Os trabalhadores estão entre os 207 resgatados na última quinta-feira (24). Ao todo, 194  são baianos, mas quatro deles decidiram permanecer no Rio Grande do Sul. A Polícia Federal apurou que eles eram recrutados em seus estados de origem com a promessa de trabalho no Rio Grande do Sul. Ao chegar no estado, encontravam uma situação diferente das prometidas pelos recrutadores.

O responsável pela empresa que mantinha os trabalhadores em condições análogas à escravidão foi preso na noite de quarta-feira (23). Ele é um empresário baiano, natural da cidade de Valença. De acordo com a Polícia Federal, o homem tem contratos com diversas vinícolas da região, presta serviços de apoio administrativo e os trabalhadores teriam sido contratados para atuar na colheita da uva.

A polícia chegou ao empresário após três trabalhadores procurarem uma unidade da Polícia Rodoviária Federal de Caxias do Sul, para contar que tinham fugido de um alojamento em que eram mantidos contra a vontade. Os agentes entraram em contato com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Federal (PF) que, então, mandaram equipes ao local e constataram a situação.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que foi estabelecido, no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que o empresário deverá apresentar a comprovação dos pagamentos sob pena de ajuizamento de ação civil pública por danos morais coletivos, além de uma multa correspondente a 30% do valor devido. A estimativa, até o momento, é que o cálculo total das verbas rescisórias ultrapasse R$1 milhão. O custo do transporte dos trabalhadores de volta à Bahia também ficou sob responsabilidade da empresa.