Pressionado pela severa derrota na eleição parlamentar de dezembro, o governo da Venezuela contratou uma empresa brasileira, a Entrelinhas Comunicação, para tentar resgatar a imagem do chavismo e assessorá-lo num contexto de grave crise política e econômica. A informação foi apurada pela Folha de S. Paulo e confirmada por uma fonte no governo venezuelano. Ela afirmou que a Entrelinhas está “só de passagem”. A empresa disse que não se pronunciaria.
Ao menos 20 pessoas foram despachadas a Caracas desde janeiro para participar da missão, que deve se estender por meses. Brasileiros são maioria, mas a equipe também tem colombianos. A Folha flagrou ainda reunião do grupo num salão do hotel Altamira Suítes, numa área nobre de Caracas. A equipe da Entrelinhas trata com o Ministério da Comunicação e com a Presidência de Nicolás Maduro.
A empresa passou boa parte do tempo fazendo levantamento da situação comunicacional e dos desafios mais urgentes para resistir à ofensiva da oposição, que iniciou trâmites constitucionais para tentar derrubar Maduro ainda neste ano. Um dos resultados palpáveis da assessoria brasileira é um vídeo de propaganda, divulgado na TV estatal, no qual uma mulher humilde fala com rara franqueza dos problemas do país, mas os atribuiu a uma suposta “guerra econômica” e pede apoio a Maduro.
O vídeo indica que ao menos dois aspectos da comunicação chavista não serão alterados: a justaposição do presente com o passado e a insistência em culpar fatores externos, como a oposição e a queda do preço do petróleo, pelo desabastecimento e pela inflação mais alta do mundo (275%, segundo o FMI).
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