Delator da Operação Lava Jato, o representante do grupo Keppel Fels, Zwi Skornicki afirmou nesta quinta-feira (21), em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que concordou em quitar parte da dívida do PT com o publicitário João Santana, referente à campanha de 2010 da presidente Dilma Rousseff, como parte da propina por contratos que o estaleiro que representava assinou com a Petrobras e com a Sete Brasil – estatal criada pelo governo federal para a exploração do pré-sal, responsável, por exemplo, pela encomenda de navios sonda.

Zwi disse ter pago propinas nos contratos das plataformas P-51 e P-52 junto à Petrobras, através do lobista Raul Schmidt e nas P-56 e p-58, tratando com o ex-gerente da Petrobrás, Pedro Barusco, “que, desta vez, disse que, além de atender aos funcionários da Petrobras, teríamos que pagar propina também ao PT”, disse, revelando que foi pago 1% dos contratos em propina, sendo 0,5% a Barusco e 0,5% ao partido.

Além disso, houve pagamento de propina para o contrato de seis sondas com estaleiro da Keppel para a Sete Brasil, na ordem de 1% do valor dos contratos. A parte relativa ao PT, contou, foi paga através de uma conta corrente feita com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

“E fomos pagando a pessoas que ele foi indicando no exterior ou no Brasil, como ao senhor Cláudio Mente e à senhora Mônica Moura. No Brasil, fizemos pagamentos a algumas empresas”, relatou. “Parte da propina ainda foi paga como doações legais ao partido”, contou.

Pagamento parcelado – Sobre o pagamento a Mônica Moura, referente a dívidas da campanha de 2010 da presidente Dilma Rousseff com a equipe de marketing, Zwi contou que foi informado por Vaccari sobre a dívida e que Mônica Moura iria procurá-lo.

“Recebi e acertamos o pagamento de R$ 5 milhões em 10 parcelas de R$ 500 mil. Acabei pagando nove, até novembro de 2014”, relatou, afirmando que tais pagamentos foram abatidos da conta corrente da propina.