Novas gravações que compõem o inquérito da Polícia Federal sobre o rompimento da barragem de Fundão, que pertence a Samarco, em Mariana, Minas Gerais, mostram conversas entre funcionários da Vog BR, empresa que avaliava a estrutura da barragem.

Em uma das conversas, gravada em 15 de janeiro de 2016, dois funcionários da Vog BG criticam e até ameaçam o delegado federal Roger Lima, que conduziu as investigações sobre o acidente.

Otávio: “Só que o delegado é um cagão porque ele sabe que o Pimenta tem contato com o Ministério Público, ele deve ter se apresentado como rei da cocada preta, e ficou com medo de botar o cara agora, entendeu”

Patrícia: “Eu não vou sossegar enquanto não conseguir fazer alguma coisa contra esse cara. Você vai ver”.

Pimenta, que eles citam na gravação, é Joaquim Pimenta de Ávila. Ele foi projetista da barragem de Fundão, consultor da Samarco e também funcionário da Vog BR.

Em outra gravação, feita no dia 14 de janeiro deste ano, dois funcionários da empresa Vog BR fazem novas críticas ao delegado e falam da confiança que têm no Ministério Público.

Riscos – De acordo com as investigações, os diretores da Samarco sabiam dos riscos de a barragem romper. E falavam sobre isso em e-mails e no sistema de comunicação interno da empresa.

Nas mensagens, diretores comentam sobre trincas na estrutura. E que se houvesse uma ruptura a comunidade de Bento Rodrigues poderia ser atingida. Tudo isso está no inquérito que a TV Gazeta obteve com exclusividade e já foi encaminhado para o Ministério Público. A barragem rompeu em novembro do ano passado, 19 pessoas morreram.