Com mais de 20 anos de carreira na televisão, Thierry Figueira sabe a importância social que as novelas têm no Brasil. Na pele do imaturo e inconsequente Oliveira, de Vitória, valoriza o poder de debate que alguns folhetins ganham. Oliveira, alcoolizado, provocou a morte de Bruno, papel de Augusto Garcia, em um acidente de carro. “Outro dia eu estava na rua e vieram falar comigo sobre a barbaridade retratada ali. Fico contente porque acho que a nossa sociedade caminha para um lado muito ruim e algumas questões precisam ser revistas”, avalia.

Desde quando você sabia que entraria em Vitória?

Eu soube no início de dezembro. Não sei se já estavam prevendo essa trama, isso não comentaram comigo. Mas eu fiquei feliz porque, apesar de entrar no meio de uma novela que já caminha para o final, a história é muito bacana e discute uma temática importante para o nosso país.

O Oliveira provocou uma morte no trânsito e saiu impune. Além dessa discussão sobre a justiça, existe outra expectativa para ele?

Até onde sei, a proposta é debater essa impunidade mesmo. E é uma história que a gente vê demais. Seja nas páginas dos jornais ou com gente que conhecemos. Uma pessoa inconsequente mistura álcool e direção, causa um acidente e tira a vida de alguém para, depois, com muita facilidade, sair ileso. É uma ideia de que quem tem dinheiro pode tudo e isso não é certo.

Em que núcleos o Oliveira deve se envolver mais?

Eu imagino que minhas cenas sejam em maior número com o pessoal ligado à delegacia. E está prevista uma tentativa de aproximação dele com a Anastácia, personagem da Roberta Gualda. Acho que essa relação pode ser bacana, porque ela tinha acabado de se casar, grávida, quando sofreu o acidente que resultou na morte do Bruno (Augusto Garcia). O Oliveira deve tentar descobrir se existe uma forma de ajudar ela, de amenizar o sofrimento dessa família que está se formando. Estou na expectativa para saber de que maneira a Cristianne Fridman vai abordar isso.

Você acredita em uma redenção do Oliveira?

Não sei. Não dá para saber, embora tudo seja possível. Talvez um amor, quem sabe? Ele poderia se apaixonar pela Anastácia. Mas, se isso acontecesse, não teria a menor chance desse sentimento se concretizar, porque ela provavelmente não seria capaz de se envolver com o homem que causou a morte do pai do filho dela. A situação do Oliveira é bastante complicada porque ele matou, naquele acidente, o personagem mais humano da novela.

Além da sua carreira de ator, você é sócio de uma produtora de eventos. Como funciona essa jornada dupla?

Tenho a minha produtora, mas a carreira artística é a prioridade, sempre. Às vezes, a gente tem uma escala de trabalho mais maleável. Eu não gravo 365 dias do ano. Como gosto de produzir, montei uma produtora de eventos e entretenimento voltada para o mercado corporativo. Fazemos lançamentos de produtos, convenções, feiras, enfim, chama-se Zerotrês.

Quando começou sua vontade de atuar?

Eu era moleque ainda. Comecei com teatro amador no curso Tablado, no Rio de Janeiro, aos 12 anos. Pouco depois eu consegui uma vaga no elenco de apoio de A Viagem. Aí pintou Cara & Coroa, que foi a novela que me lançou mesmo na televisão, em 1995.

Essa é sua terceira novela na Record. Qual o balanço que você faz desses cinco anos de trabalho na emissora?

Tenho o maior orgulho. As pessoas hoje já me reconhecem nas ruas como um ator da Record e eu fico contente. Cresci bastante desde que ingressei na emissora e tive a chance de fazer coisas que, até então, a televisão ainda não tinha me permitido. Como comédia, em Bela, A Feia, por exemplo. Sou muito grato também à Globo a ao Wolf Maya, que apostou inicialmente em mim. Também fui feliz no SBT, em uma parceria que rendeu quatro novelas.

 

por Thais Seixas – A Tarde