Ao completar 100 dias de gestão, nesta segunda-feira (10), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) se equilibra entre o bônus e o ônus de dar continuidade aos mais de 16 anos consecutivos de administração petista na Bahia. O bônus é evidente: as inúmeras obras que o antecessor Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil do governo Lula (PT), deixou para o sucessor entregar, a exemplo das nove escolas em tempo integral já inauguradas pelo chefe do Executivo estadual. Já o ônus, comumente utilizados como munição da oposição, são os dados ruins na área da segurança pública e antigas promessas não cumpridas, a exemplo da ponte Salvador-Itaparica e do VLT do Subúrbio da capital baiana.
Enquanto o secretário de Segurança Pública, delegado federal Marcelo Werner, garantiu nesses primeiros 100 dias que o combate à criminalidade será rigoroso e que haverá redução da violência na atual gestão, Jerônimo está na China tentando tirar do papel a ponte, prometida ainda no segundo governo do atual senador Jaques Wagner (PT). Mas o “abacaxi” a ser descascado não é pequeno, a começar pelo valor da obra, que saltou de R$5 bilhões para R$9 bilhões durante a pandemia.
Na China, Jerônimo se encontrou com duas empresas que integram o consórcio responsável pelas obras da ponte Salvador-Itaparica, a CCCC e a CR20. Segundo comunicado enviado pela assessoria do governador, a pauta foi dar início a tudo o que é necessário ser feito antes das obras, a exemplo das sondagens para identificar a profundidade dos pilares. Ou seja, a intervenção pode ficar ainda mais custosa do que os R$9 bilhões atuais.
O orçamento para a implantação do VLT de Salvador também saltou na pandemia de R$1,5 bilhão para R$5,2 bilhões. O contrato é uma Parceria Público-Privado (PPP) com a BYD, empresa chinesa especialista em veículos elétricos e que também negocia com o governo da Bahia a instalação na fábrica deixada pela Ford em Camaçari. Além do reajuste no valor, houve mudança ainda no modelo que será implementado, pois o veículo não será mais sobre trilhos, mas sim pneus. Como as obras foram paralisadas, a população do Subúrbio ficou sem os trens, o que deu munição à oposição contra o PT na capital baiana.
“Nesses 100 dias de governo, Jerônimo tem feito um esforço enorme para avançar ainda mais, apesar de ser uma gestão de continuidade. Não temos dúvidas de que esses projetos estruturantes para a Bahia irão sair do papel”, avaliou o líder de maioria na Assembleia, deputado Rosemberg Pinto (PT). “O governo chega hoje aos 100 dias sem ter mostrado um plano de trabalho sequer para os problemas mais urgentes. A gente fica sem saber o que esperar dessa gestão, que é um abismo de ideias. Isso é preocupante”, disse o líder da oposição na Casa, Alan Sanches (União).
Em suas redes sociais, Jerônimo, que deve retornar da China no dia 16, fez um balanço dos 100 dias de governo. Ele destacou ações como a entrega de 164 ônibus escolares; a renovação do Bolsa Presença para os estudantes da rede pública; a ampliação da maternidade Albert Sabin, em Salvador; a entrega de dez leitos de UTI pediátrica no Martagão Gesteira, também na capital; o lançamento do programa Bahia Sem Fome, que ainda se materializa, embora tenha sido a grada ação anunciada para o começo de gestão; a inauguração de aeródromos em Valente e Itaberaba; e o investimento em novas delegacias e viaturas policiais.
Nos primeiros 100 dias de gestão, Jerônimo também buscou se aproximar de Lula e esteve diversas vezes em Brasília. Decidiu esperar, inclusive, o presidente para retornar da China. Os aliados do petista esperam que essa parceria resulte em um governo aprovado pela população e forte o suficiente para tentar derrotar o grupo do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) nas eleições municipais de 2024 nas maiores cidades do estado, o que é a meta do PT.
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