Abandonar um bebê no chão, na porta de um orfanato, apenas porque a criança nasceu albina é um absurdo impensável para a maioria das pessoas, mas foi o que os pais da modelo Xueli Abbing, hoje com 16 anos, fizeram com a menininha chinesa por acreditarem que ela carregava uma maldição.
Condição genética hereditária, o albinismo não tem nada de mal agouro. Trata-se da ausência total ou parcial da enzima tirosinase, envolvida na síntese da melanina, o que faz com que a pele, olhos, pelos e cabelos não tenham pigmento. A Ilha de Maré, em Salvador, é possivelmente o lugar com a maior incidência de pessoas com albinismo no Brasil.
No caso de Xueli (que significa neve bela, nome que recebeu da equipe do orfanato), sua condição, somada à educação que recebeu da mãe adotiva, fez da jovem uma defensora dos albinos na Holanda, onde foi criada. Tanto que, desde os 11 anos, a menina participa de eventos defendo a causa. Sua beleza incomum a fez conhecida e logo ela emplacou uma ascendente carreira de modelo, com campanhas para marcas famosas, desfiles e moda e fotos suas publicadas na Vogue.
Uma sessão de fotos que Xueli fez em Londres para Brock Elbank rendeu um contrato com uma agência especializada em modelos fora do padrão e, também, a publicação de uma das imagens na edição de junho de 2019 da versão italiana da prestigiada revista. Além desse, vieram outros trabalhos, como a campanha para a marca britânica de acessórios de luxo Kurt Geiger.
“Amo ser modelo porque gosto de conhecer gente nova, praticar inglês e ver que as pessoas ficam felizes com minhas fotos. Quero usar a moda para falar sobre albinismo e dizer que é uma condição genética, não uma maldição. A maneira de falar sobre isso é dizer ‘pessoa com albinismo’ porque falar sobre ‘ser um albino’ soa como se isso definisse quem você é”, disse a jovem à BBC.
Na maioria das fotos, Xueli aparece com os olhos fechados. Devido ao seu tipo de albinismo, ela tem apenas 8 a 10% de visão e não consegue olhar diretamente para a luz. “Às vezes, se está muito claro durante uma sessão de fotos, eu pergunto: ‘posso fechar meus olhos ou você pode tornar a luz mais suave?’ ou ‘OK, você pode fazer três fotos com meus olhos abertos com o flash e nada mais’, revela. “No início, eles podem pensar que é difícil, mas quando tiram a primeira foto, eles ficam tipo ‘Uau’”, completa a jovem.
Xueli tem aproveitado a oportunidade para dar seu recado: “Quero que outras crianças com albinismo – ou qualquer forma de deficiência ou diferença – saibam que podem fazer e ser o que quiserem. Para mim, sou diferente em alguns aspectos, mas igual em outros”, defende a modelo.
Foto: @robjansenfoto. Siga o insta @sitealoalobahia.
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