A defesa da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apresentou, nesta sexta-feira (24), um pedido para que a Polícia da Cidade de Buenos Aires seja investigada por possível “responsabilidade criminal” no atentado frustrado contra ela, realizado por um brasileiro em setembro do ano passado. Os advogados afirmam que os agentes eram “a força com mais presença no local onde o atentado fracassado foi planejado e realizado”, mas permitiram o ataque, sendo Kirchner salva “por um milagre”.

“Viemos instar para que, após cinco meses de investigação, sejam disponibilizadas medidas probatórias sobre a possível responsabilidade penal da Polícia da Cidade Autônoma de Buenos Aires”, afirmaram os advogados José Manuel Ubeira e Marcos Aldazabal, em um documento de 28 páginas dirigido ao procurador local.
Veja fotos: Vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sofre tentativa de assassinato

Segundo a agência Telám, a carta também aponta para o ministro da Segurança e Justiça da Cidade de Buenos Aires (que está de licença no momento), Marcelo D’Alessandro, e volta a questionar o juiz Capuchetti, acusado de “não ter investigado a polícia de Buenos Aires”.

“O que aconteceu em 1º de setembro foi consequência de uma série de violências anteriores que possibilitaram e validaram o cenário que ensejou uma tentativa de assassinato de uma mulher em seu cargo de vice-presidente em um sistema democrático”, afirmaram os advogados.

O documento elaborado pelos defensores aponta “a falta de investigação do que foi feito (e não feito)” pela polícia local na ocasião do crime. A pedido da própria Cristina Kirchner, a solicitação da defesa também pede a perícia dos celulares dos assessores de Gerardo Milman, deputado cujos assessores tiveram os celulares apreendidos para que fossem analisados pelos investigadores.

A perícia nos aparelhos deve ser realizada “como sugere a própria denúncia, sob preciso controle jurisdicional e do Ministério Público e com restrição de sigilo absoluto de todas as informações que não sejam estritamente relacionadas ao caso”, alertaram os desembargadores.

Ao acolher a reclamação, o tribunal revogou decisão anterior que havia determinado que a análise de ambos os telefones deveria ser realizada nos dados dos dias posteriores a 30 de agosto de 2022, data em que, segundo uma testemunha, Milman teria comentado, em um bar diante dos dois assessores, sobre um futuro ataque contra a vice-presidente, o que ocorreria dois dias depois.