O ex-governador do Rio e atualmente secretário de governo de Campos dos Goytacazes (RJ), Anthony Garotinho (PR) – preso nesta quarta-feira (16), na Operação Chequinho, da Polícia Federal -, era chamado de “comandante” pelo presidente da Câmara da cidade, Edson Batista (PTB). Segundo as investigações da PF e do Ministério Público Eleitoral, ele controlava com “mão de ferro” um esquema de compra de votos no município. Para o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral, que decretou a prisão do ex-governador, Garotinho é o “prefeito de fato” de Campos. A expressão “comandante” foi identificada em uma escuta telefônica autorizada pela Justiça Eleitoral de uma conversa entre Garotinho e o presidente do Legislativo municipal. Na ocasião, o Tribunal Regional Eleitoral cassou o mandato da prefeita e mulher do ex-governador Rosinha Garotinho e de seu vice, determinando assim que o presidente da Câmara assumisse a prefeitura. Segundo a Operação Chequinho, Garotinho “determinou (ao presidente da Câmara) que fosse encetada uma reação política” e o próprio Edson Batista – no diálogo em que se refere ao “comandante” – pediu “orientações contínuas para que não desse passo em falso”. “Nota-se a subserviência dos Poderes Executivo e Legislativo deste município ao acusado”, assinala o juiz eleitoral, na decisão que aceitou a denúncia do Ministério Público Eleitoral contra o ex-governador e determinou a prisão preventiva de Garotinho. Ao analisar as provas da investigação policial, incluindo escutas telefônicas e depoimentos de testemunhas, o juiz Glaucenir de Oliveira assinalou que existem “sérios, fartos e veementes indícios de autoria” dos crimes de compra de voto e associação criminosa. As investigações apontam que antes de três meses da eleição deste ano, por ordem de Garotinho, foram cadastradas 18 mil pessoas a mais no Programa Cheque Cidadão da prefeitura de Campos. Os benefícios, inclusive, teriam sido distribuídos por meio de vereadores e candidatos aliados de Garotinho. Segundo a investigação, o esquema criminoso foi bem sucedido e teria conseguido eleger 11 vereadores “ligados politicamente” ao ex-governador. “Este e vários outros elementos probatórios constantes dos autos do inquérito policial demonstram, com clareza, que o réu efetivamente não só está envolvido mas comanda com ‘mão de ferro’ um verdadeiro esquema de corrupção eleitoral neste município através de um programa assistencialista eleitoreiro e que tornou-se ilícito diante da desvirtuação de sua finalidade precípua”, assinala o juiz Glaucenir Oliveira.
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