Cinco agentes e policiais federais foram nomeados nesta sexta-feira, 2, para o grupo de trabalho de inteligência do gabinete de transição. São dois nomes ostensivos – o delegado da Polícia Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues e o agente da corporação e pesquisador Vladimir de Paula Brito – e três secretos. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deve manter a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob o guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para o qual pretende nomear o general de divisão da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, que coordenou a segurança do petista na campanha eleitoral. A ideia é evitar atritos com os militares, área sensível ao PT.

A medida desagrada aos funcionários de carreira da Abin, que desejavam a volta do órgão para a Secretaria de Governo, onde esteve durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Também pretendem que a agência seja dirigida por um agente de carreira, já que no governo Jair Bolsonaro ela esteve sob o comando de delegados da PF, entre eles Alexandre Ramagem, amigo da família do presidente e recém-eleito deputado federal pelo Rio.

O grupo foi o último a ser nomeado no gabinete de transição. Já Brito é especializado em banco de dados e em inteligência de Estado e segurança. Fez mestrado sobre “o papel informacional dos serviços secretos” e tem doutorado em Ciência da Informação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estudando desinformação, decepção e operações psicológicas no contexto das ações dos serviços de inteligência estatais.

Três agentes da Abin foram nomeados para o grupo da transição de forma secreta. O Estadão identificou todos eles. Saulo Moura da Cunha foi adido no Japão e pode assumir a agência caso Lula se decida por um funcionário de carreira. Por enquanto, o mais cotado para o cargo é o delegado Rodrigues, que cuidou da equipe de policiais federais que fez a segurança do petista na campanha depois de ter desempenhado a mesma função na campanha de Dilma, em 2010.

Os outros nomeados para a transição são os agentes Bruno Marques e Rinaldo Sandro Teixeira. Teixeira era coordenador da agência em Minas Gerais e seria próximo do delegado Rodrigues.

Marques foi coordenador-geral da Abin durante os governos de Michel Temer (MDB) e no de Bolsonaro, até 2020. Quando deixou o cargo para disputar uma aditância, Marques teve a indicação barrada por razões políticas. É que dentro da política de “despetização” promovida por Bolsonaro, o nome de Marques foi barrado, porque encontraram uma doação dele para um candidato do PT, em 2018. Na época, outros dois agentes foram barrados porque foram filiados ao PT e ao PCO antes de entrarem na Abin. Os três disputavam os cargos de adido policial em Nova Déli, Pequim e Berlim.