O desastre ambiental de Mariana, que deixou 19 mortos e 700 mil vítimas, após o rompimento da barragem de Fundão, em 2015 – que espalhou 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minérios de ferro por Minas Gerais e pelo Espírito Santo – pode resultar em uma indenização de US$ 44 bilhões, aproximadamente R$ 215 bilhões. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.

As empresas responsáveis pela barragem são a Samarco, uma joint venture entre as duas maiores mineradoras do mundo, a anglo-australiana BHP e a brasileira Vale. O pedido de indenização tem um valor maior que o dobro das aplicadas às grandes empresas, como o escândalo do dieselgate da Volkswagem, de US$ 15 bilhões (R$ 73 bilhões) em 2016.

O advogado das vítimas – que envolvem pessoas, empresas, municípios, estados e comunidades quilombolas e indígenas – krenak, guarani, tupiniquim e pataxó -, o inglês Thomas Goodhead, disse que este é o maior processo coletivo de todos os tempos. Para ele, no entanto, o valor da indenização dificilmente chegará a tanto. “Uma negociação inevitavelmente leva duas partes para chegar a um valor acordado”, ressaltou.

A indenização foi movida somente contra a BHP. Nesta semana, o tribunal de Londres vai decidir se inclui a Vale no processo ou mantém apenas a BHP. Quinze indígenas, das quatro etnias citadas, estão presentes, fazendo manifestação em frente à Corte britânica, além de representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

“Esperamos que a Vale cumpra com o seu dever que deveria ser a reparação integral dos atingidos. Esperamos que se faça justiça aqui na Inglaterra e que as empresas criminosas Vale e BHP paguem pelo seu crime. Que a gente possa retornar a natureza e as vidas das nossas comunidades”, disse representante da MAB, que não se identificou.