Presidente do PSD na Bahia, o senador Otto Alencar descartou a possibilidade de seu partido no estado apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022. O baiano lembrou que, em 2018, a Executiva nacional da sigla decidiu ficar ao lado do então candidato Geraldo Alckmin (PSDB), mas, em terras baianas, a legenda apoiou Fernando Haddad (PT).

“É praticamente impossível acontecer (a aliança). Não haverá essa aliança (PSD e Bolsonaro) na Bahia. Não haverá”, garantiu Otto Alencar, em entrevista à Tribuna. “O PSD, como todo partido, tem seguidores e opositores de Bolsonaro, e eu sou opositor. Não tenho cargo no governo. Se for no Paraná, é provável que o governador Ratinho Júnior caminhe com Bolsonaro. Aqui na Bahia, o PSD vai caminhar com quem Rui e Wagner tiveram (apoiando para presidente da República), como foi em 2014 e em 2018. Em 2018, eu votei em Haddad. Todos nós (do PSD) votamos em Haddad. Por que eu nunca aceitei cargo no governo Bolsonaro? Porque eu só participo do governo em que construo com o meu voto. Como não votei (em Bolsonaro), eu não participo de um governo que não construí. Eu não tenho como participar. Mas não é oposição radical que faço. É oposição responsável”, acrescentou.

Otto não acredita que haverá intervenção da Executiva nacional no estado para eventualmente apoiar Bolsonaro. “O (Gilberto) Kassab (que presidente nacionalmente a sigla) dá toda a liberdade ao diretório estadual. Jamais ele me pediu um voto a favor ou contra a Bolsonaro. Não há a menor chance de o presidente Kassab querer influenciar na minha decisão da Bahia. Ele é muito consciente da nossa realidade”, ressaltou o senador baiano.

Sobre a disputa em 2022 pelo governo da Bahia, Otto reiterou que “não será obstáculo” para construção da chapa. O senador Jaques Wagner (PT) tem manifestado o desejo de ser postulante ao Palácio de Ondina. No entanto, o governador Rui Costa (PT), para não ficar sem mandato, também não teria vontade de ser candidato no próximo ano. Neste cenário, ele sonharia entrar na briga pelo Senado. A avaliação, porém, é que, em uma composição com apenas três vagas, não haveria espaço para dois petistas. “Da minha parte, eu não serei obstáculo. A minha vida é muito serena”, frisou o presidente do PSD baiano.

Questionado sobre a decisão do presidente nacional do DEM, ACM Neto, de anunciar a neutralidade do partido na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, Otto disse que não julgaria. “Cada um tem seus problemas, as suas decisões, se ouve muitas as bases. Como eu vou julgar por onde ele passou? Qual a decisão que ele passou? Claro que, sem dúvida nenhuma, deixar um amigo é uma coisa que chama a atenção. Mas eu não quero entrar no tema para fazer um julgamento. Não tenho como julgar”, disse, ao se referir ao fato de o DEM não ter apoiado o candidato de Rodrigo Maia, Baleia Rossi, a presidente da Câmara dos Deputados.