Porco e Peixe fazem 3ª final entre clubes do Brasil na história da competição, no Maracanã. Título garante cerca de R$ 80 milhões ao vencedor e a presença no Mundial de Clubes de 2021

Legenda: O “Maraca”, Rio de Janeiro recebe a final pela 2ª vez na história
Foto: Divulgação/Conmebol

Em 2018, River Plate e Boca Juniors protagonizaram o Clássico argentino na final, com vitória do elenco vermelho e branco treinado por Marcelo Gallardo.

O Verdão paulista busca o bicampeonato, tendo levantado a taça pela primeira vez em 1999 ao vencer o Deportivo Cali. Já o Alvinegro quer o tetra, tendo garantido o título em 1962 contra o Penãrol, em 1963 diante do Boca e em 2011 também contra o Peñarol.

O Maracanã já foi palco da final em 2008, quando quase 80 mil torcedores tremeram as arquibancadas durante Fluminense e LDU, com a derrota do time carioca nos pênaltis. Para o Porco e o Peixe, o palco da decisão também fez parte de suas histórias.

Legenda: Em 2020, Santos e Palmeiras se enfrentaram em três oportunidades: dois empates e um triunfo alviverde
Foto: Cesar Greco/SEPalmeiras

 

A expectativa santista

Campeão mundial no Maracanã contra o Milan em 1963, o Santos de Pelé marcou uma geração com os primeiros títulos continentais do clube, apesar de o Rei não ter participado das finais por lesão.

Dessa vez, o eterno camisa 10 da Vila vai acompanhar o confronto de longe, pois faz parte do grupo de risco para Covid-19 e não pode estar entre as cinco mil pessoas permitidas no estádio para o evento, dentre elas jogadores, jornalistas, comissões técnicas, funcionários da entidade, empregados do local, dirigentes dos clubes, autoridades, representantes de patrocinadores, convidados e familiares dos atletas.

Porém, Pelé fez questão de deixar uma mensagem para o elenco atual. “Vocês, santistas como eu, estão aqui tremendo. Imagina você, que adora futebol, que gosta de futebol, se estivesse no meu lugar. Eu queria estar lá dentro ajudando o Santos, mas tudo tem seu tempo. Vamos torcer, vamos estar juntos, para o Santos trazer esse campeonato e essa vitória para nós”, disse o ex-atleta em vídeo.

Para alcançar a taça, que não vem desde 2011, o Peixe aposta na juventude com peças formadas na base, como o atacante Kaio Jorge, o volante Sandry e o goleiro John. Na lateral-esquerda, o cearense Felipe Jonatan, de 22 anos, formado pelo Ceará, conquistou a posição e deve figurar entre os 11 iniciais.

O zagueiro Luan Peres, dupla de Lucas Veríssimo, outra joia da base, revelou em entrevista ao Santos TV que a ansiedade e a confiança para realizar um sonho de criança estão em equilíbrio para este sábado.

“As duas equipes se conhecem muito bem. Foram vários confrontos recentes. Estamos analisando os pontos fortes deles para procurarmos neutralizá-los. Não sofrer gol nesse tipo de jogo é muito importante, além, claro, de saber a hora de atacar. Existe uma ansiedade normal, mas também muita confiança. Trabalhamos a vida toda para chegarmos a momentos assim, a gente sonha com isso quando é criança. Hoje, estamos prestes a realizar um sonho de criança no estádio mais simbólico do Brasil, um dos mais importantes do mundo”, afirmou o defensor que deve ser titular contra o rival.

No banco, muita experiência na “Liberta” com o técnico Cuca, campeão em 2013 com o Atlético/MG. Para o treinador, que voltou ao Peixe em agosto de 2020, o lado psicológico está firme em seu grupo.

“Um jogador para desempenhar precisa estar psicologicamente bem. E nós estamos bem. A julgar daí, estamos 100%. Vamos fazer tudo e mais um pouco para tentarmos sair campeões. Só o tempo até sábado, pelas 19h, talvez mais tarde, vai dizer que tudo que colocaremos em prático será suficiente para sermos campeões”, explicou Cuca.

 

 

A ansiedade palmeirense

O “Maraca” também traz boas lembranças ao Verdão, campeão da Copa Rio em 1951 contra a Juventus da Itália. Diferente do Santos, o Porco não tem um treinador experiente na competição, mas que transborda ideias e energia para seus atletas em campo chegarem tanto à final da Copa do Brasil quanto da Libertadores.

O português Abel Ferreira substituiu Luxemburgo em novembro e vem tirando o melhor do jovem elenco alviverde. Agressiva muito móvel em campo, o Palmeiras encara um Santos que se defende com a mesma eficiência na qual parte para o ataque. Para o treinador, o lado emocional deve ser o pilar da partida.

“Trabalhamos toda nossa vida para chegar ao futebol de mais alto nível. Temos de aproveitar. Esta final não é nada mais nada menos do que fruto do trabalho que fizemos. Não vamos alterar processos, vamos manter a nossa identidade, a nossa forma de ser e estar dentro do grupo. O que vou dizer aos jogadores é que desfrutem do momento, que vivam esse momento com grande intensidade, que façam aquilo que sabem fazer, que é jogar futebol em alto nível. É um grande desafio. Este era nosso sonho, disputar a final para vencer e sentir todas emoções, controlar e desfrutar dentro das quatro linhas. Temos de ser inteligentes e perceber até onde vai e onde nos ajuda essa tensão”, afirmou Abel.

O meia Raphael Veiga alavancou seu desempenho com a chegada do novo técnico e confia no crescimento de seus companheiros durante a desgastante temporada para superar os obstáculos em campo.

“O elenco foi amadurecendo ao longo desses anos. Tudo o que a gente passa na vida traz aprendizado. Nas últimas edições da Libertadores o time não teve, infelizmente, a chance de chegar à final. Mas essas eliminações trouxeram um amadurecimento para mim e para todos os outros atletas também. Estamos valorizando muito mais agora essa oportunidade de estar em uma final. Todo mundo quer fazer história no Palmeiras. A gente se cobra, temos conversado, falado da importância do que temos vivido. É uma ajuda mútua para que todos vençam juntos”, declarou Veiga em entrevista ao Estadão.

 

Foto: Cesar Greco/SEPalmeiras

 

O ex-meia Alex, campeão das Américas com o Palmeiras em 1999, avalia que a pressão interna, independente da ausência de torcida, é o que mais pesa durante as decisões.

“Expectativa é do melhor jogo possível. Minha torcida é que o Santos esteja no seu melhor dia e o Palmeiras esteja no seu melhor dia. Aí com certeza vamos ver um grande jogo. O peso emocional desse jogo é muito grande para os dois lados. Todos os jogadores ali têm uma história de vida para contar, foram crianças, sonharam e imaginaram estar em um momento como esse. Tem de ver como cada um vai carregar essa história neste momento. Pressão muitas vezes é interna, na maioria das vezes é o que dificulta mais, como agir naquele momento. Com ou sem público vai existir”, comentou Alex ao GloboEsporte.com.

 

Foto: Divulgação/Conmebol

 

FICHA TÉCNICA

Palmeiras

Weverton, Gabriel Menino, Gustavo Gómez, Empereur, Viña, Zé Rafael, Danilo, Veiga, Scarpa, Rony e Luiz Adriano.

Técnico: Abel Ferreira

Santos

John, Pará, Lucas Veríssimo, Luan Peres, Felipe Jonatan, Alison, Diego Pituca, Lucas Braga, Marinho, Soteldo e Kaio Jorge.

Técnico: Cuca 

Arbitragem: Patricio Hernán Loustau (ARG).

fonte: Diário do Nordeste.