Três dias para celebrar o cinema baiano, mas também para expressar o descontentamento com a situação política no país. Esse foi o clima da passagem do  VI FECIBA – Festival de Cinema Baiano por Feira de Santana, que movimentou o Centro de Cultura Amélio Amorim durante todo o último final de semana. Na sexta-feira (13/05), um público atento e interessado para a primeira sessão, foi recebido pela equipe do festival, que ressaltou o caráter itinerante do FECIBA, que pela primeira vez, circula por importantes cidades do estado.

O afastamento da presidenta Dilma Rousseff e o encerramento das atividades do Ministério da Cultura foram lembrados no discurso da cerimônia de abertura do evento. “Lamentamos profundamente o retrocesso que nossa democracia está sofrendo. O Minc vinha fazendo um trabalho expressivo de difusão, democratização e divulgação das artes e da cultura do nosso país. É inaceitável o que está acontecendo e nós não podemos aceitar calados essa perda”, comentou Cristiane Santana, coordenadora geral do evento.

Já para o produtor executivo Edson Bastos, a determinação do presidente em exercício Michel Temer, foi autoritária e de enorme retrocesso. “Acreditamos que excluir o Ministério da Cultura e uni-lo ao da Educação é não dar a devida importância que a pasta merece e é tratar com absoluto desrespeito milhares de trabalhadores do Brasil inteiro, que não foram consultados, confirmando tamanha arbitrariedade”, completou.

Na sequência, aconteceu a exibição do filme “Tropykaos”. O longa conta a história de Guima, um jovem poeta, que tenta interagir com a cidade, fazer parte dela, mas parece não ter corpo para suportar o verão mais caloroso dos últimos 50 anos. O diretor Daniel Lisboa estava presente e bateu um papo com o público ao final da sessão. “É muito bacana ver um filme baiano, sendo exibido num espaço cultural baiano, para um público baiano”, comemorou o cineasta.

Estreia da Mostra Competitiva de curtas em Feira de Santana

O sábado (14/05) foi movimentado no Centro de Cultura Amélio Amorim no segundo dia de programação do festival. Continuando as atividades da oficina de produção de curta-metragem, a produtora e diretora Paula Gomes, que ministra o curso, falou sobre a importância de se pensar a cadeia de produção audiovisual, em todas as etapas. “A oficina está sendo ótima, com uma turma super disposta a intercambiar experiências. Estamos refletindo sobre a produção de curta-metragem e suas diferentes etapas, sempre buscando os caminhos para viabilizar projetos”, declarou.

A sala principal do Centro de Cultura ficou cheia para a exibição da Mostra infanto-juvenil com os filmes “O menino e o mundo”, de Alê Abreu, “Como dissecar uma menina malina”, de Deoveki Silva e “Alguma coisa na vida”, do Coletivo LEM, representado por Michel Santos, que bateu um papo com a plateia, grande parte formada pelo pessoal da Oficina de Circo da Companhia Cuca de Teatro.

Dando prosseguimento à programação, a Mostra Bahia Adentro exibiu os filmes “Umbigo”, de Cauê Rocha, “Das dores da penitência”, de Wellington Monteclaro e “No dia em que acordamos surdos”, de Rafael Oliveira e a Mostra Retrospectiva, homenageando o ator Mário Gusmão exibiu a “A idade da terra”, de Glauber Rocha.

Com cédulas de votação nas mãos e olhos atentos, a plateia acompanhou a estreia da Mostra Competitiva de curtas, destaque deste segundo dia de festival, que exibiu o Programa 1 composto pelos curtas “Cordilheira de Amora II”, de Jamille Fortunato, “Órun Àiyé: A Criação do Mundo”, de Jamile Coelho e Cintia Maria, “Neandertais”, de Marcus Curvelo, “Entroncamento”, de Maria Carolina e Igor Souza e “Retomada”, de Leon Sampaio.

Encerrando o segundo dia de atividades pela Mostra Bahia Afora, às 19h, os filmes “Para minha amada morta”, de Aly Muritiba, que conta a história de Fernando, um homem quieto e introspectivo que toda noite, enquanto o filho dorme, relembra da falecida esposa ao organizar seus pertences pessoais e o documentário “Alegoria da dor”, um ensaio sobre a dor, movido pela memória dirigido por Matheus Viana.

Mesa “A linha de fronteira se rompeu” marcou último dia do festival

Finalizando esta segunda etapa do VI FECIBA, o Centro de Cultura Amélio Amorim foi palco de uma manhã produtiva de debate e diálogos acerca do universo cultural e cinematográfico baiano e brasileiro. Isso por conta da realização da mesa “A linha de fronteira se rompeu”.

Temas como as lutas sociais contemporâneas, negritude, inclusão social, lugar do feminismo na sétima arte, as dificuldades enfrentadas pelo audiovisual realizado no interior do estado e a luta pelo respeito às minorias foram pauta da mesa que contou com a participação do professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, Cláudio Cledson, do cineasta Deo e da realizadora e integrante do Coletivo Tela Preta, Larissa Fulana de Tal, que falou sobre a importância da continuação das discussões sobre democratização e acesso à cultura. “As fronteiras literalmente se romperam, e se rompem a cada momento que se tem novas representações e novas possibilidades de fala e eu espero que esse movimento continue cada vez mais”, declarou.

Abrindo as sessões da tarde de domingo, a Mostra Sexualidades, exibiu o curta “Desejos”, de Clarissa Rebouças e documentário “Âncora do Marujo”, de Victor Nascimento, que apresenta o espaço que é o último reduto de transformistas de Salvador, situado no centro da cidade.  Na sequência o Programa 2 da Mostra Competitiva exibiu os curtas “Salitre”, de Lara Belov “Sísifo do Vale”, de George Varanese, “Ana”, de Camila Camila, “IFÁ”, de Leo França e “Sandrine”, de Elen Linth e Leandro Rodrigues e o público feirense pode escolher seu curta favorito para vencer a categoria voto popular e levar o prêmio de R$3.000,00 (três mil reais), além do Troféu FECIBA.

O encerramento do VI FECIBA em Feira de Santana ficou por conta da Mostra Atualidades, às 19:30, com o filme “O amor dos outros”, que conta a história de Junior, um jovem de 30 anos, estagnado e sem perspectiva que vai conduzindo a vida através de amores flagelados. O diretor Deo, que após a exibição conversou com o público, destacou o rompimento das fronteiras dentro da esfera cultural e audiovisual amplia as oportunidades de se ter acesso às produções de qualquer lugar do mundo. “O cara que é da Índia pode ver nosso vídeo, a gente que é daqui pode ver o cara da Nigéria. As fronteiras se romperam já tem um tempo e discutir sobre isso é oportuno”, comentou.

O VI FECIBA, que segue agora para Itabuna onde será realizado a última etapa do festival de 09 a 11 de junho no Centro de Cultura Adonias Filho, foi contemplado pelo edital 02/2015 – Agitação Cultural – Dinamização de Espaços Culturais da Bahia, vinculado ao Fundo de Cultura da Bahia – FCBA, promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia e é uma realização do NúProArt – Núcleo de Produções Artísticas e da Voo Audiovisual.

 

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