Representantes da Prefeitura de Ilhéus e especialista contratado pelo Município realizaram na última quarta-feira (26) e nesta quinta-feira (27), vistoria à obra de contenção de encosta no Alto do Socorro, no bairro da Conquista. A visita técnica aconteceu após o incidente envolvendo parte da encosta, que ainda está em execução.

Devido às fortes chuvas que atingiram a cidade na semana passada, a Secretaria de Infraestrutura e Defesa Civil (Seinfra) intensificou o trabalho nos pontos mais críticos, com colocação de lona e orientação às famílias que residem nessas áreas.

Conforme a Seinfra, observa-se, inicialmente, que o temporal comprometeu entre 20% e 25% da obra. Todavia, a equipe de topografia ficará incumbida do levantamento de todo o volume de material que veio a deslizar.

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A elaboração do laudo pericial será realizada pelo engenheiro civil, mestre em Geotecnia e especialista em obras de contenção, Hélio Machado. Ainda nesta semana uma equipe de sondagem contratada pela Prefeitura iniciará a mobilização para coletar material em diversos pontos da localidade, a fim de caracterizar o material da encosta.

O perito, por sua vez, fará o estudo completo, apresentando os elementos esclarecedores e as conclusões do trabalho de avaliação. O prazo para a elaboração do parecer é de aproximadamente 15 dias. O relatório vai apontar as principais causas e dar subsídios à gestão municipal para adotar soluções e assegurar a retomada da obra. Após essa etapa, o Município vai avaliar o relatório e tomará as medidas cabíveis para a solução definitiva do ocorrido.

Por conta do acumulado de 187 mm de chuvas em 9 horas, parte da obra desabou, contudo não houve vítimas.

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“A gente veio conferir o serviço para dar um parecer sobre o problema da ruptura da encosta durante o período chuvoso. Esse trecho que estamos não parece ter tido nenhum problema, o problema foi registrado somente no começo da obra, mas neste momento não podemos emitir uma opinião formada. A gente vai fazer um parecer explicando quais foram os motivos do escorregamento, da ruptura da contenção e recomendações para recuperação do trecho. O fato gerador do problema foi a chuva, porém é preciso compreender o que efetivamente fez com que a contenção se rompesse. Logicamente uma chuva muito forte, com obras em andamento e cujo sistema de drenagem ainda não está implantado. Então, a água passou por cima da contenção e isso pode ter saturado, ocasionando a ruptura”, explicou o engenheiro Hélio Machado.

A obra em questão é fruto de emenda do ex-deputado federal e atual vice-prefeito de Ilhéus, Bebeto Galvão. O recurso poderia ser aplicado em quaisquer serviços, contudo, foi direcionado ao Alto do Socorro para atender a demanda de prevenção de uma área de risco iminente de deslizamento. Além da localidade, as obras de contenção de encostas estão sendo executadas nos altos Nerival e do Amparo (Encosta Dois de Julho).

Os fatores climáticos têm provocado desastres recorrentes no território brasileiro, como as fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo no início do ano.

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“Cidades baianas e de outros estados registraram elevados índices pluviométricos, superando as estimativas dos órgãos que monitoram as condições climáticas. O excesso de chuvas durante curtos períodos de tempo ocasiona diversos prejuízos, incluindo desabamento de encostas, ainda que a obra de contenção possua coeficiente de segurança para a drenagem de chuvas intensas. Contudo, quando uma obra cai é necessário elaborar laudos técnicos com profissionais habilitados, a fim de elencar todos os elementos para apontar os indícios do desastre”, acrescentou Átila Docio, titular da Seinfra.

O Governo Federal reconheceu a situação de emergência no município e segue elaborando os planos de trabalho para liberação de recursos e assistência humanitária às vítimas do temporal.

“Em Ilhéus, foram realizadas visitas nos locais atingidos por deslizamentos e será feito um mapeamento, por meio de drone”, disse o chefe de serviço da Coordenação de Ações Especializadas do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) e líder do Grupo de Apoio a Desastres (Gade) na atuação na Bahia, Rodrigo Lindinger.