Radio-Estadio Afetando um terço dos 64 jogos, as emissoras de rádio não vão conseguir transmitir de forma integral estes jogos da Copa do Mundo, que começam entre 17 e 20 horas. Todos terão a transmissão interrompida pelo programa estatal A Voz do Brasil. futebol
Criado na ditadura de Getúlio Vargas para controlar o jornalismo em rádio, a Voz do Brasil sobrevive graças à vaidade de políticos que gostam de “se ouvir” no programa, que todas as emissoras de rádio do país são obrigadas a transmitir às 19h, de segunda a sexta.
O rádio é o único meio penalisado pelo programa, que não existe em nenhum outro país como obrigatoriedade. Hoje ele já prejudica o jornalismo de rádio nas capitais, onde as informações do trânsito são essenciais para quem volta para casa neste horário.

Durante a Copa do Mundo, além das mesmas informações sobre o trânsito na saída dos estádios, os jogos entre 17h e 20h terão as transmissões prejudicadas no rádio brasileiro.
Se a flexibilização de A Voz do Brasil não for aprovada a tempo, o Brasil será notícia pelo inusitado. Será a primeira vez na história, no mundo, em que um programa oficial impedirá a transmissão de jogos de uma Copa pelo rádio.
Ignorado pela população (66% nunca ouviram) e mantido pela vaidade de políticos, ele será problema na Copa do Mundo. Vários jogos começam às 17h e terão que ser interrompidos no rádio. Outros começam às 19h, horário do programa imposto.

Mesmo jogos que terminam antes das 19h não poderão ser comentados no rádio. Nada menos que 27 jogos estão marcados para ocorrer entre 17h e 19h. Entre eles, os do Brasil, Chile, Japão, Itália, França, Inglaterra, Argentina e Portugal.
Projeto de lei
A flexibilização do programa é uma reivindicação antiga das emissoras que, se aprovada, permitirá que a população possa exercer seu direito de escolha no horário das 19h e também fará com que cada emissora possa veicular o programa no momento mais adequado.

O presidente da Agert, de emissoras do Rio Grande do Sul, Roberto Cervo Melão, diz que “pedimos uma atenção especial aos nossos associados em relação à flexibilização. Sugerimos que estimulem entrevistas, debates, para que seja reforçada a importância desse projeto”.

A campanha nacional “A voz que eu quero ouvir”, criada pela Abert, Associação Brasileira de emissoras de Rádio e Televisão, já alcançou 60 mil assinaturas. A iniciativa pretende mobilizar a sociedade com um abaixo-assinado eletrônico pela aprovação do Projeto de Lei 595/2003.
Ele foi proposto pela deputada Perpétua Almeida (PC do B /AC) e permite iniciar A Voz do Brasil entre 19h e 22h. A proposta aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados e, caso aprovada, depende apenas de sanção presidencial.

Poucas foram as emissoras de rádio, pelo menos até o momento, que se dispuseram a pagar R$ 1,5 milhão pelos direitos de transmitir a Copa do Mundo de 2014. A maioria está no estado de São Paulo com cinco, que pelo ao menos são cabeça de rede. Somando-se todo o Brasil, são vinte e uma no total, sendo que algumas sedes de jogos, como Brasília, Mato Grosso, Amazonas e Rio Grande do Norte não cadastraram sequer uma emissora.