A tesourada de R$ 1,1 bilhão feita pelo Congresso no orçamento da Receita Federal em janeiro levou auditores fiscais de todo o Brasil a começar uma mobilização nesta segunda-feira (14), para denunciar os possíveis prejuízos que a redução de verbas poderá causar nas atividades do Fisco, que cuida de fiscalizações importantes de importação e exportação. O Porto de Salvador e o Aeroporto Internacional da capital baiana foram os locais que sediaram os atos dos profissionais da Receita na Bahia. Desde o anúncio dos cortes, a RF vem sofrendo com uma debandada de funcionários: foram 1.237 cargos entregues até o começo de março. Além da queda nos recursos, não há previsão de aumento de salário para os auditores no orçamento de 2022.

Para o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), um montante menor somado com a redução no quadro de profissionais poderá afetar de forma significativa a liberação de cargas e a manutenção de sistemas. Durante a mobilização dos auditores, os materiais que estiverem à espera de análise no terminal portuário ou no aeroporto de Salvador serão fiscalizados individualmente, o que poderá causar demora na movimentação. Em algumas cidades, filas de caminhões chegaram a se formar com a adoção da ‘Operação Padrão’, que é a vistoria mais detalhada das cargas. A fila de espera chegou a 15 horas. Por aqui, a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) ainda não registrou lentidão na revista das mercadorias.

Remessas consideradas de primeira necessidade, incluindo aí vacinas, medicamentos, produtos perecíveis e materiais hospitalares, deverão chegar sem problemas à população. “A partir de maio, a Receita Federal praticamente não terá mais como trabalhar, e vai faltar tudo. A Receita é um órgão arrecadador: hoje, nós representamos 96% da arrecadação federal”, alertou o presidente do Sindifisco Nagib Abdala. “Quando se fiscaliza mais cargas, o tempo demandado vai aumentar, com isso a liberação das cargas vai se dificultar, porque vai aumentar o tempo. Vamos aumentar o número de cargas fiscalizadas e, consequentemente, o número de cargas liberadas vai diminuir”, explicou o representante do sindicato.