A volta do Colo Colo à Primeira Divisão do Campeonato Baiano não poderia ter sido melhor: a equipe, inicialmente com a meta de passar para as quartas de final, conseguiu avançar às semifinais com direito a revival.

Com a classificação em cima do Vitória no sábado, 21, o Tigre de Ilhéus relembrou a final do Estadual de 2006, quando venceu o Rubro-Negro também no Barradão e levou o título. Vale pontuar que a conquista acabou com o domínio do Leão, que tinha vencido o Baianão nos quatro anos anteriores.

Além disso, o único título estadual do clube ilheense ajudou a diversificar um pouco a lista dos campeões baianos. Desde 1969, quando o Fluminense de Feira levantou a taça, o campeonato oscilava só entre a dupla Ba-Vi.

Mas o triunfo por 2 a 0 que garantiu a classificação para a semifinal no sábado, no entanto, veio na raça – e na convicção de que um time pequeno pode, sim, bater o favorito. E que um repeteco em menos de 10 anos é possível.

As cifras no Colo Colo são bem diferentes das que movimentam os dois grandes do estado. Enquanto a folha de pagamento de atletas e comissão técnica de Bahia e Vitória chega, em média, a R$ 1,5 milhão, a do Tigre não ultrapassa os R$ 70 mil. A disparidade continua no custo total do clube, que, mesmo assumindo encargos trabalhistas e despesas gerais, não passa dos R$ 140 mil. O teto salarial dos jogadores é de R$ 8 mil, bem diferente das somas de seis dígitos que recebem alguns rubro-negros e tricolores.

A torcida do Colo Colo, no entanto, não faz feio. Sua média de público em casa neste Estadual é de 3.156 por jogo, quase igual à do Vitória da Conquista. Só Vitória e Bahia os superam.

As equipes – sub-20 e profissional – viajam de ônibus para os confrontos, mas o gerente de futebol Ítalo Bittencourt garante que o conforto é o maior possível. “A gente faz o que pode com o orçamento que tem”, afirmou.

Por um calendário

Diretor de futebol do Colo Colo, Flávio Medrado diz que a boa fase do clube é fruto de ambição e planejamento. “A gente não queria começar o ano brigando para não cair. Nossa primeira meta era avançar para as quartas e, depois, focamos em passar para a semifinal. Agora, queremos vencer, porque assim conseguimos um calendário consistente”, contou.

Bittencourt admite que o tamanho do clube limita o investimento em contratações. Mas assegura que o Colo Colo terminou 2014 pensando em estratégias para montar uma equipe competitiva.

“Durante o ano passado, acompanhamos o Intermunicipal e campeonatos de base. Resolvemos montar o time com atletas desses torneios, com jogadores de times mais tradicionais que já tinham experiência em ganhar campeonatos”, explicou.

O Intermunicipal, conhecido por revelar talentos, rendeu quatro atletas do atual elenco: os laterais Edvan e Danilo, o volante Léo Natal e o zagueiro Edson. A mistura fica completa com Waldson, ex-Bahia, além de Jacson – autor do gol da classificação – e Marconi, ambos ex-Vitória. Jogadores das categorias de base  também têm seu espaço no elenco.

“Renegados” pelos grandes clubes viram destaques na equipe de Ilhéus

Crias dos dois maiores clubes do estado, o goleiro Waldson, ex-Bahia, e o volante Marconi, ex-Vitória, conseguiram o tão sonhado destaque nos últimos jogos pelo Colo Colo e já receberam propostas para atuar em outros times.

Apesar de ser grato ao Tricolor por tê-lo revelado, o “paredão” Waldson – o menos vazado do Baianão, com quatro gols sofridos – acha que não teve oportunidades de mostrar seu futebol no tempo em que foi profissional no clube. Por isso se diz duplamente feliz com os bons resultados agora.

“Entrei no Bahia com 12 anos e fiquei lá até os 21 anos, em 2011. O Bahia foi minha casa durante muitos anos, tive pessoas competentes que me formaram. Fiquei chateado quando saí porque acho que podiam ter me dado oportunidade. Fiquei três anos no banco no profissional”, disse.

O goleiro de 24 anos confirma propostas, mas descarta qualquer possibilidade de sair. “Alguns times de Goiás me procuraram, mas agora vou ficar por aqui”, despistou. Ele garante que, se rolar uma final contra o Bahia, seu coração não balançará. “Sou Colo Colo!”, afirmou, aos risos.

Do outro lado
O capitão Marconi também lamentou a falta de espaço que teve no Leão, e considerou “estranha” a sensação de jogar no Barradão e ainda por cima eliminar o antigo time.
“Fiquei 17 anos no Vitória, é uma vida toda. Sempre joguei no Barradão com as cores do Vitória, dessa vez foi diferente. Mas, como sempre, fiz o meu melhor, até para mostrar que eu posso jogar bem em qualquer time”, alfinetou.