Os irmãos Vieira Lima, que comando o MDB na Bahia, iniciaram uma manobra de aproximação do candidato bolsonarista a governador, o deputado federal João Roma (PL), mirando o segundo turno das eleições na Bahia. Segundo um interlocutor próximo ao governador Rui Costa (PT), o objetivo é buscar o apoio ou pelo menos a neutralidade do parlamentar caso o pleito não seja decidido no próximo domingo (02), como indicam os principais institutos de pesquisa em favor do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União).

Embora dificilmente o eleitor de João Roma vote no PT, os aliados de Jerônimo Rodrigues acreditam que um eventual apoio do parlamentar seria um gesto político e simbólico importante na disputa. “Não pode partir do PT essa aproximação com João Roma, por conta da rivalidade nacional entre petistas e bolsonaristas. O MDB já tem feito esse caminho. Achamos que se a eleição nacional for decidida no primeiro turno em favor do ex-presidente Lula (PT), João Roma estaria até livre para apoiar Jerônimo. Com ACM Neto sabemos que ele não vai, pois a relação dos dois está desgastada demais, como ficou claro no debate“, afirmou reservadamente o interlocutor.

Durante o debate da TV Bahia, na noite desta terça-feira (28), Roma fez um aceno ao ex-ministro Geddel Vieira Lima ao afirmar que ACM Neto deveria reconhecer o apoio do emedebista para tirar Salvador “do buraco”. Quando o candidato do União Brasil assumiu o governo municipal, Geddel, hoje apoiador do PT, era aliado.

Nas redes sociais, o ex-ministro agradeceu. “Ele fez o que por dever de lealdade deveria ter sido feito por ACM Neto, ao mostrar que o que ele (o ex-prefeito) fez de importante em Salvador foi porque o peguei e botei debaixo do braço e fui buscar os recursos”, escreveu. Irmão de Geddel, Lúcio Vieira Lima também postou elogios ao deputado bolsonarista. “Rapaz, o João Roma chegou com gosto de gás, no arraiar das malas já mostrou a sola da chuteira”, disse, publicando a imagem de uma notícia na qual o deputado do PL chama o ex-prefeito de “afroconveniente”, numa referência à autodeclaração racial do postulante do União Brasil ao governo.

Apesar dessa aproximação entre o MDB e João Roma, Geddel tem sido um dos alvos da propaganda eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL), que costuma lembrar o fato de o ex-ministro ter sido preso com malas de dinheiro em um apartamento em Salvador quando era aliado de Lula. O cacique emedebista, inclusive, reagiu aos comerciais chamando Bolsonaro de “energúmeno”.

Vale frisar que Jerônimo Rodrigues e João Roma, embora cada um defendendo o seu candidato a presidente, fizeram uma “dobradinha” no debate para desgastar ACM Neto, tentando isolar o ex-prefeito de Salvador fazendo perguntas entre si enquanto atacavam o principal adversário. O ex-prefeito chegou a afirmar, no final do debate, que tudo era um “jogo combinado” e que os dois concorrentes tinham medo de tratar das questões da Bahia com ele.