A Bahia está de luto! Faleceu nesta quinta-feira, 7, o apresentador Raimundo Varela. O comunicador de 75 anos escreveu o seu nome na história do jornalismo baiano ao se colocar sempre ao lado do povo.

Nascido na cidade de Itabuna, localizada no sul do estado da Bahia, vindo do interior, filho de uma família simples, o comunicador cresceu no bairro de Periperi, bairro da capital baiana, ao lado de seis irmãos, onde recebeu amor e educação dos pais, que eram professores.

Antes de ser o âncora de rádio e tv amplamente reconhecido, Varela fez muito na vida. Foi vendedor ambulante, serviu ao exército, se formou em administração e trabalhou numa fábrica de cimentos que ele mesmo ajudou a construir. Muito das histórias que contava no ar, vieram da vida como taxista e jogador de futebol. “Raimundinho”, como era chamado, representou o Ypiranga, por quem tanto vibrava, e Leônico, por onde se consagrou campeão baiano de 1966.

Na TV e no rádio baiano, Varela comandou programas como Papo de Bola, Telesporte, O Povo na TV, entre outros. Porém, a criação da marca Balanço Geral alavancou ainda mais a sua carreira na comunicação baiana.

Como nem todo jogador vira estrela, o futebol perdeu um atleta, mas, a comunicação ganhou uma de suas melhores vozes e cabeças. Varela entrou pela primeira vez numa TV na década de 70, convidado para ser jurado no programa de Waldir Serrão, o famoso “big ben”, na antiga TV Itapoan o padrinho foi um amigo… o já famoso Raul Seixas.

Naquela época, Raimundo Varela já mostrava que não veio a esse mundo a passeio, se destacou no programa e de jurado passou a comentarista esportivo do papo de bola. Suas observações e críticas precisas incomodavam jogadores e dirigentes. E foi essa capacidade de gerar polêmica bem fundamentada e a competência ao microfone que o colocou, ao lado de Fernando José, como apresentador do “Telesporte”.

Se o futebol era uma paixão, o jornalismo entrou como missão na vida de Varela. Foi no : “O povo na Tv”, que pela primeira vez ele enfrentou o desafio de comentar fatos que impactavam diretamente a vida da população, em especial dos mais carentes de quem ganhou respeito.

Em 1980, o compromisso com essa camada da população, com o seu povo, gerou a ideia do Balanço Geral. O jornalismo popular e assistência aos mais pobres, um programa que está entre os de maior audiência do país, e levado para outros estados.

Ao longo da vida, Varela foi deixando marcas únicas: os cartões verde vermelho, a batida na mesa, as cobranças duras, a força e a sagacidade de quem conhecia política e políticos como poucos viraram referência de credibilidade e sua postura conquistou admiração dos telespectadores, artistas e autoridades.

Em 2006, o corpo pediu uma pausa, uma crise renal levou o apresentador Raimundo Varela às pressas para um hospital de salvador. Na época, o agravamento do quadro obrigou uma transferência para São Paulo e à necessidade de transplantes de dois órgãos. Foram 100 dias de luta pela vida, uma vida que ele sempre amou e viveu intensamente. Após as cirurgias, com um novo rim e um novo fígado, varela enfrentou uma outra batalha de meses: retorno para a TV.

Ele voltou, firme e forte, líder de audiência, com a mesma postura aguerrida de quem não tinha medo de tomar a frente e brigar, se necessário, pela Bahia e pelos baianos. A pandemia afastou varela do estúdio, mas não da rádio e da tv. Ele trabalhou de casa e compartilhou com todos seus receios, sua vivência, e suas análises das notícias e cenários pelos quais passamos. Afinal, já eram mais de 40 anos de rádio e tv. Mas, a pandemia, afetou tantas vidas, também tornou a desse lutador mais frágil, mais vulnerável. A partir de agora, as batidas na mesa, suas falas polêmicas, cobranças lições entram pra história.

Foto: Rádio Sociedade da Bahia