O sociólogo Celso Rocha de Barros avaliou, nesta sexta-feira (11), que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “abortou” no país o surgimento de uma direita democrática forte.

O cientista social explica que os movimentos contra o PT a partir de 2013 poderiam ter dado “origem a uma direita orgânica, enraizada na sociedade, mas democrática”. No entanto, no entendimento dele, o governo Bolsonaro foi um “desastre completo” para este campo político. Para ele, “não será fácil” criar uma direita democrática agora diante do “dano causado” por Bolsonaro a este campo político.

“Acho que teria sido muito bom se esses movimentos que nasceram muito mais radicais, porque aí o PT também nasceu radical, tivessem dado origem a uma direita orgânica, enraizada na sociedade, mas democrática. Que fosse capaz de organizar um partido forte (de direita) como a esquerda organizou no PT. Bolsonaro abortou esse processo e botou isso tudo a perder, porque Bolsonaro é de um movimento completamente diferente que tem origem na ditadura militar, em um ramo do estado específico, que é o Exército um movimento”, analisou, em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metropole.

PT, uma História

Autor do recém-lançado livro “PT, uma História”, Celso Rocha de Barros explicou ainda porque o PT conseguiu superar a grave crise política provocada pela Operação Lava Jato no país.

Segundo ele, o PT é o partido “mais organizado” do Brasil. “O PT sobreviveu muito melhor a crise dos partidos na Lava Jato, porque tinha esse pé fora do estado. Ele tinha um pé nos movimentos sociais, uma militância que não existe só com assessor parlamentar, que é o caso dos outros partidos. Então, de fato, o PT é uma certa anomalia na história política brasileira”, pontuou.

Sobre o principal líder do PT, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Rocha de Barros entende que ele representa dois marcos históricos no Brasil: a industrialização do país e o sucesso da democracia brasileira. O primeiro porque o movimento operário encabeçado por Lula surgiu neste momento de industrialização, já o segundo porque o petista experimentou a primeira transição pós-redemocratização em 2003.

Serviço
Livro: PT, uma História
Editora: ‎Companhia das Letras
Páginas: 488
Valor: 79,08

Confira a entrevista na íntegra: