O Convento de Santa Clara do Desterro da Bahia, no bairro de Nazaré, em Salvador, foi o primeiro mosteiro do Brasil destinado às mulheres da colônia portuguesa decididas a seguir vida religiosa. Foi lá que viveu Madre Vitória da Encarnação, a primeira brasileira com fama de santidade.

A causa, como é chamado o processo de beatificação, ficou parada durante muito tempo. Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, já pediu a abertura oficial da causa de beatificação de Madre Vitória. A congregação para a causa dos santos autorizou a abertura e deu à religiosa o título de serva de Deus.

“Quando eu solicitei, fui informado que a resposta poderia levar de dois meses a dois anos, porque teriam que examinar para ver se o pedido tem uma justificativa razoável. Para minha surpresa, em menos de dois meses veio uma resposta positiva”, conta o arcebispo.

O processo longo não desanima os devotos da freira baiana. Uma das grandes inspiradoras de Irmã Dulce, o anjo bom da Bahia, beatificada pelo vaticano em 2011. Para os fiéis que frequentam as missas no convento do desterro, a Madre Vitória já é santa.

História – Filha de um capitão de infantaria, Madre Vitória negou a vocação religiosa até os 25 anos, quando decidiu, enfim, ingressar no convento das monjas.

Devota de São Miguel Arcanjo, intercessora das almas do purgatório, a freira teria recusado todo tipo de conforto, e costumava carregar uma pesada cruz como penitência. Na cela onde viveu, um crânio teria sido encontrado, e a explicação para isso é que as irmãs da ordem de Santa Clara andavam com um crânio nas mãos para lembrar sua condição humana.

Outra forma que ela encontrava para se penitenciar era a flagelação. Próximo a uma janela, a freira usava um cilício, espécie de chicote, para cortar a própria pele. Castigava o corpo para elevar a alma e se aproximar do sofrimento de Jesus.